terça-feira, 27 de setembro de 2016

Deus está em toda parte


Em O Livro dos Espíritos, não encontramos a onipresença de Deus listada como de seus atributos. Mas, neste artigo, Kardec fala sobre o tema.





Como é que Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes ínfimos, preocupar-se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Tal é a pergunta feita muitas vezes.
Em seu estado atual de inferioridade, só dificilmente os homens podem compreender Deus infinito, porque eles próprios são circunscritos, limitados e por isto o configuram circunscrito e limitado, como eles mesmos; representando-o como um ser circunscrito, dele fazem uma imagem à sua imagem. Nossos quadros que o pintam com traços humanos não contribuem pouco para alimentar este erro no espírito das massas, que nele mais adoram a forma do que o pensamento. É para a maioria um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus, e porque suas faculdades e suas percepções são restritas, eles não compreendem que Deus possa ou se digne intervir diretamente nas menores coisas.
Na impotência em que se acha o homem de compreender a essência da divindade, não pode fazer senão uma ideia aproximada, auxiliado por comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que, ao menos, lhe podem mostrar a possibilidade do que, à primeira vista, lhe parece impossível.
Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos. É evidente que cada molécula desse fluido produzirá sobre cada molécula da matéria com a qual está em contato uma ação idêntica à que produziria a totalidade do fluido. É o que a química nos mostra a cada passo.
Não sendo inteligente, esse fluido age mecanicamente apenas pelas forças materiais. Mas se supusermos esse fluido dotado de inteligência, de facilidades perceptivas e sensitivas, ele agirá, não mais cegamente, mas com discernimento, com vontade e liberdade; verá, ouvirá e sentirá.
As propriedades do fluido perispiritual dele nos podem dar uma ideia. Ele não é inteligente por si mesmo, porque é matéria, mas é o veículo do pensamento, das sensações e das percepções do Espírito; é em consequência da sutileza desse fluido que os Espíritos penetram por toda parte, perscrutam os nossos pensamentos, que veem e agem à distância; é a esse fluido, chegado a um certo grau de depuração, que os Espíritos superiores devem o dom da ubiquidade; basta um raio de seu pensamento dirigido para diversos pontos, para que eles possam aí manifestar sua presença simultânea. A extensão dessa faculdade está subordinada ao grau de elevação e de depuração do Espírito.
Mas os Espíritos, por mais elevados que sejam, são criaturas limitadas em suas faculdades. Seu poder e a extensão de suas percepções não poderiam, sob este ponto de vista, se aproximar de Deus. Contudo podem servir de ponto de comparação. O que o Espírito não pode realizar senão num limite restrito, Deus, que é infinito, o realiza em proporções infinitas. Há ainda, como diferença, que a ação do Espírito é momentânea e subordinada às circunstâncias, ao passo que a de Deus é permanente; o pensamento do Espírito só abarca um tempo e um espaço circunscritos, enquanto o de Deus abarca o Universo e a eternidade. Numa palavra, entre os Espíritos e Deus há a distância do finito ao infinito.
O fluido perispiritual não é o pensamento do Espírito, mas o agente e o intermediário desse pensamento. Como é o fluido que o transmite, dele está, sob certo modo, impregnado e, na impossibilidade em que nos achamos de isolar o pensamento, ele parece não fazer senão um com o fluido, assim como o som parece ser um com o ar, de sorte que podemos, por assim dizer, materializá-lo. Do mesmo modo que dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito pela causa, dizer que o fluido se toma inteligente.
Seja ou não seja assim o pensamento de Deus, isto é, que ele aja diretamente ou por intermédio de um fluido, para a facilidade de nossa compreensão representamos esse pensamento sob a forma concreta de um fluido inteligente, enchendo o Universo infinito, penetrando todas as partes da criação. A Natureza inteira está mergulhada no fluido divino; tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude; nenhum ser, por mais ínfimo que seja, deixa de estar, de certo modo, dele saturado.
Assim, estamos constantemente em presença da divindade; não há uma só de nossas ações que possamos subtrair ao seu olhar; nosso pensamento está em contato com o seu pensamento, e é com razão que se diz que Deus lê os nossos mais profundos refolhos do coração; estamos nele como ele em nós, segundo a palavra do Cristo. Para estender sua solicitude às menores criaturas, ele não tem necessidade de mergulhar seu olhar do alto da imensidade, nem de deixar a morada de sua glória, pois essa morada está em toda parte. Para serem ouvidas por ele, nossas preces não necessitam transpor o espaço, nem serem ditas com voz retumbante, porque, incessantemente penetrados por ele, nossos pensamentos nele repercutem.
A imagem de um fluido inteligente universal evidentemente não passa de uma comparação, mas própria a dar uma ideia mais justa de Deus que os quadros que o representam sob a figura de um velho de longas barbas, envolto num manto. Não podemos tomar nossos pontos de comparação senão nas coisas que conhecemos; é por isto que dizemos diariamente: o olho de Deus, a mão de Deus, a voz de Deus, o sopro de Deus, a face de Deus. Na infância da Humanidade, o homem toma estas comparações ao pé da letra; mais tarde seu Espírito, mais apto a apreender as abstrações, espiritualiza as ideias materiais. A ideia de um fluido universal inteligente, penetrando tudo, ─ como seria o fluido luminoso, o fluido calórico, o fluido elétrico ou quaisquer outros, se eles fossem inteligentes, ─ tem o objetivo de fazer compreender a possibilidade para Deus de estar em toda parte, de ocupar-se de tudo, de velar pelo broto da erva como pelos mundos. Entre ele e nós a distância foi suprimida. Nós compreendemos a sua presença, e esse pensamento, quando a ele nos dirigimos, aumenta a nossa confiança, porque não mais podemos dizer que Deus está muito longe e é muito grande para se ocupar de nós. Mas este pensamento, tão consolador para o humilde e para o homem de bem, é muito aterrador para o mau e para o orgulhoso endurecidos, que esperavam a ele subtrair-se, graças à distância, e que, de agora em diante, sentir-se-ão sob a influência de seu poder.
Nada nos impede de admitir para o princípio de soberana inteligência um centro de ação, um foco principal radiando sem cessar, inundando o universo com os seus eflúvios, como o Sol com a sua luz. Mas onde está esse foco? É provável que ele não esteja mais fixo num ponto determinado do que a sua ação. Se simples Espíritos têm o dom da ubiquidade, essa faculdade, para Deus, deve ser sem limites. Enchendo Deus o Universo, poder-se-ia admitir, a título de hipótese, que esse foco não necessita transportar-se, e que ele se forme em todos os pontos onde sua soberana vontade julgue a propósito produzir-se, de onde se poderia dizer que ele está em toda parte e em parte alguma.
Diante destes problemas insondáveis, nossa razão deve humilhar-se. Deus existe: não poderíamos duvidar; ele é infinitamente justo e bom: é sua essência; sua solicitude se estende a tudo: nós o compreendemos agora; incessantemente em contato com ele, podemos orar a ele com a certeza de ser ouvidos; ele não pode querer senão o nosso bem, por isso devemos ter confiança nele. Eis o essencial. Quanto ao mais, espere­mos que sejamos dignos de compreendê-lo.
Leia Mais ►

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

A problemática de se colocar o Espiritismo como religião



O Espiritismo, segundo Kardec, só é religião na acepção filosófica do termo, dentro de uma definição que ele mesmo dá, qual seja, a criação de laços que estabelecem a fraternidade  e a solidariedade, a indulgência e a benevolência entre as pessoas[1]. Nesse mesmo sentido, ele diz que, em tal significado, poderia ser dizer "religião da amizade" e "religião da família". Jamais a Doutrina Espírita pode ser vista como religião na acepção usual do termo, pois que isso implicaria em dizer que ela tem dogmas, uma estrutura sacerdotal, cultos e práticas exteriores definidas que se repetem invariavelmente cuja observância é obrigatória, e uma verdade produto de revelações divinas vindo diretamente de Deus a um homem, e não do trabalho de análise, comparação e categorização das informações dadas não por um, mas por diversos Espíritos. Por isso, pode-se dizer que a ciência espírita não tem nada, absolutamente nada do que as religiões, tal como conhecidas e entendidas histórica e culturalmente nos povos, tem.

          Além disso, dessa visão equivocada acerca do que é o Espiritismo, surgem consequências que atrasam o seu avanço e sua interação com o mundo e com as religiões, como o afastamento da aliança que ela veio fazer entre as ciências e as religiões, a aceitação de qualquer coisa que escrita ou dita por certos Espíritos, e a estagnação da essência da Doutrina, do que ela é mesmo, uma ciência.
           
            Pelo fato de ser encarada como mais uma religião, ela é automaticamente transformada em "concorrente" das outras, impossibilitando o diálogo com os diversos credos religiosos, o que é contrário ao codificador, pois que ele mesmo fala de espíritas de várias crenças religiosas, na Revista Espírita de maio de 1859 [2]:
"Melhor observado desde que se vulgarizou, o Espiritismo vem lançar luz sobre uma porção de problemas até aqui insolúveis ou mal resolvidos. Seu verdadeiro caráter é, pois, o de uma ciência e não de uma religião e a prova é que conta como adeptos homens de todas as crenças, os quais, nem por isso, renunciaram às suas convicções: católicos fervorosos, que praticam todos os deveres de seu culto; protestantes de todas as seitas; israelitas, muçulmanos e até budistas e bramanistas. Há de tudo, menos materialistas e ateus, porque essas ideias são incompatíveis com os princípios espíritas." (negrito nosso)


            Não somente isso, no mesmo artigo[2], referindo-se à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, diz que "Ela tem um caráter tão diverso que os seus estatutos proíbem tratar de questões religiosas."

              Assim, caso fosse realmente uma religião, como existiriam membros de tantas convicções diferentes presentes na Sociedade,  e por que seria proibido discutir-se questões religiosas lá?

            Por outro lado, se propagar que o Espiritismo é religião torna refratários a estudá-lo muitos pesquisadores e homens de ciência sérios, que pensam automaticamente no significado usual da palavra, afastando-o dos olhares da academia, por cair na ideia de que ele se baseia em crenças não racional e cientificamente fundamentadas, e não passíveis de avaliação lógica, não merecendo a atenção dos cientistas. Assim, como poderia a ciência espírita fazer seu papel de unir os dois, quando é propagandeada como algo que não é?

          Outro ponto importante é que, colocando-se a Doutrina como religião, facilita-se a criação de algo extremamente comum no seio do movimento, que são médiuns e Espíritos inquestionáveis, dos quais tudo o que vêm é considerado Espiritismo (mesmo que atente contra a lógica e o ensinado por ele) e, sendo algo que veio deles, é aceito sem exame sério,  sendo visto com maus olhos quem aponte os erros (alguns graves) cometidos, só por que veio de tais ou quais encarnados ou desencarnados, criando barreiras para a análise e refutação de suas ideias em muitos meios, ainda quando contrárias à codificação.
           
            De observância capital também é o método de Kardec, que consistia em passar tudo pelo crivo da razão, que exige seja examinado tudo o que venha dos Espíritos, sejam quem forem; e também a concordância, segundo a qual, para se tirar qualquer conclusão sobre algum assunto, deve-se averiguar se as informações dadas por diversos Espíritos, em lugares diferentes e através de médiuns estranhos uns aos outros combinam. Para melhor elucidar, seguem dois trechos, um de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Introdução, item II - Autoridade da Doutrina Espírita[3], e o outro da Revista Espírita de março de 1864 - Da perfeição dos seres criados [4]:

            "O primeiro controle é, sem contradita, o da razão, ao qual cumpre se submeta, sem exceção, tudo o que vem dos Espíritos. Toda teoria em manifesta contradição com o bom-senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura."

          "Um princípio, seja qual for, para nós só adquire autenticidade pela universalidade do ensinamento, isto é, por instruções idênticas dadas em todos os lugares por médiuns estranhos uns aos outros sem sofrer as mesmas influências, notoriamente isentos de obsessões e assistidos por Espíritos bons e esclarecidos."

            Olhando-se a ciência Espírita como religião, esse cuidado e esse método ficam esquecidos, até mesmo por incompatibilidade, pois na ciência é necessário o controle e métodos de comprovação, enquanto naquela tudo o que for dito por determinado ser é aceito como verdade e não precisa (e nem deve) ser examinado, confrontado. O argumento da autoridade ("é assim por que ele/ela disse") substitui o da comprovação científica, que demanda experiências, esforços, perguntas sobre os pontos duvidosos e, desse modo, abandona-se a essência mesma do Espiritismo. O abandono de tal método (que na prática hoje é simplesmente ignorado, senão na totalidade, pelo menos na maioria dos casos) fez com que houvesse uma paralisação no avanço da ciência espírita nos últimos 147 anos, pois que sem pesquisa rigorosa, não há como dar andamento a ela.

         Juntamente com todos os argumentos acima citados, associe-se o fato de que na leitura da Revista Espírita (que faz parte das obras fundamentais), encontra-se o codificador referindo-se ao Espiritismo o tempo todo como ciência, refutando diversas vezes a ideia dele como religião. Assim, só por que, em um único artigo, e com um conceito que, se adotado, transforma em religião vários outros institutos que não são entendidos vulgarmente como tal (família e amizade, por exemplo), não significa que exista, de fato, um tríplice aspecto.

             Diante de todo o exposto, pergunta-se: quem realmente pensa, quando se fala em religião, como ela sendo simplesmente um laço moral, e acredita que amizade e família também são religiões? O que se vem automaticamente em mente, não é a ideia de algo estruturado, hierarquizado, com cultos e formas exteriores, nos quais existe uma verdade que veio diretamente de Deus e que, portanto, não pode nem deve ser questionada, e não pode modificar-se? Tal descrição é totalmente incompatível com o que é a Doutrina Espírita.
           
            Sendo assim, frente à tudo o que foi discorrido, conclui-se que colocar o Espiritismo como religião, e o divulgar como sendo uma, não somente é anti-kardequiano, como também prejudica a marcha da própria Doutrina.


Referências:


[1]A. Kardec. Revista Espírita, dezembro de 1868. Disponível em http://ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=6250&&idioma=1. Acesso em 13/07/2016.
[2]A. Kardec. Revista Espírita, maio de 1859. Disponível em http://ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=2694&&idioma=1. Acesso em 13/07/2016.
[3]A. Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Disponível em http://ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=2870&&idioma=1. Acesso em 13/07/2016.
[4]A. Kardec.  Revista Espírita, março de 1864. Disponível em http://ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=5587&&idioma=1. Acesso em 13/07/2016.
Leia Mais ►

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Marcas no perispírito?


       Muitos já devem ter ouvido falar que o perispírito tem órgãos, e que problemas físicos que a pessoa traz ao nascer vêm de marcas que ficaram nele da última reencarnação. Será que é assim mesmo?






            Algo que muitas pessoas já devem ter ouvido falar é que o perispírito tem órgãos, e que quando um fumante desencarna, por exemplo, ele volta para o mundo espiritual com marca no perispírito, como num "pulmão fluídico" e que, por causa dessa marca, ele terá problemas respiratórios ao reencarnar. O mesmo se daria, na região da garganta, com alguém que bebesse veneno corrosivo, no fígado com quem era alcoólatra, e até, numa dúvida que ronda a cabeça de muitos adolescentes, com quem faz tatuagem.

            Para apresentar nosso ponto de vista, começamos com Kardec, no item 257, de O Livro dos Espíritos, que recebeu o nome de "Ensaio teórico da sensação nos Espíritos":

"Ao passarem de um mundo a outro, os Espíritos mudam de envoltório, como nós mudamos de roupa, quando passamos do inverno ao verão, ou do pólo ao equador. (...)Não possuindo órgãos sensitivos, eles podem, livremente, tornar ativas ou nulas suas percepções." (grifo nosso)

            Assim, logo nessa parte, já é destruída a ideia de que os desencarnados possuem órgãos funcionais (um estômago com função de digerir alimentos, por exemplo). Logo, não havendo essa parte no perispírito, obviamente não há que se falar em marcas no que não existe. E, também, se não há funções, o sofrimento causado, no mundo espiritual, não é físico, conforme explica o codificador, no mesmo item:

"A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo, que o próprio Espírito nem sempre compreende bem, precisamente porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores; é mais uma reminiscência do que uma realidade (...)" (grifo nosso)

            E mais a frente, ao falar de um Espírito que sentia os vermes a lhe roerem:

"Era antes a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão, que ele tomava por realidade." (grifo nosso)

            Alguns hão de argumentar: "mas se eles possuem órgãos, mesmo sem função, eles não poderiam ter marcas que repercutem no ser quando reencarna?". A isso, refutamos com a lógica: sabendo que o perispírito é elástico, e se amolda a qualquer formato, a primeira forma que ele toma, ao reencarnar, é a do espermatozóide ligado ao óvulo. Só ao longo dos meses de gestação é que, pouco a pouco, os órgãos foram se formando. Em tal situação, pergunta-se: o que ocorreu com a tal marca, durante o processo de criação do corpo, antes mesmo de se formarem os órgãos físicos?

            Além disso, damos outro exemplo: alguém que desencarnou sem uma perna. Nesse caso, o perispírito, naquela área, deixou de existir, e o Espírito retornaria à vida espírita faltando uma perna no corpo fluídico. Logo, sem essa parte, quando reencarnasse, ele, pela alteração do perispírito (ausência da perna), deveria não ter, outra vez, a perna, quando reencarnasse, o que faria ele desencarnar sem a perna no corpo espiritual, outra vez, e quando fosse reencarnar, novamente viria sem ela, pelo que foi falado. Assim, teríamos uma sequência infinita na qual a alteração no perispírito faria com que ele ficasse permanentemente sem uma parte do corpo (desencarna sem a parte, volta sem parte, e fica indo e voltando assim num ciclo que não teria fim).

            Aos que dizem que o perispírito continua quando uma parte do corpo é amputada, e o justificam pelo fato de muitos que passam por essa experiência continuarem sentindo a parte que não mais existe, trazemos a lucidez do codificador:

"Toda gente sabe que aqueles a quem se amputou um membro costumam sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está a sede, ou, sequer, o ponto de partida da dor. O que há, apenas, é que o cérebro guardou desta a impressão." (grifo nosso)

            Diante de todo o exposto, vê-se que a teoria das marcas no perispírito carece de fundamento racional, sendo contrária ao que ensina a Doutrina Espírita e que as explicações para muitos fatos precisam de outros argumentos.


E vocês, o que acham?

Deixem sua opinião ;)


Referência:


KARDEC, Allan.  O Livro dos Espíritos. Disponível: http://ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=949&&idioma=1. Acesso em 01/09/2016.



Leia Mais ►