domingo, 28 de maio de 2017

A Ciência Espírita e o cenário atual


A Ciência Espírita parou no tempo. Não que ela esteja ultrapassada, mas que as pesquisas nela, desde Allan Kardec, pararam. Com sua lógica, sua lucidez, e o poderoso controle universal dos ensinos espíritas, é fato que hoje não há uma só informação que veio depois do chamado "codificador" que possa ser considerada parte integrante da Doutrina Espírita. O controle universal não é por que Kardec inventou, mas ainda não conheci meio mais preciso e eficaz de aferir verdades dentro do campo doutrinário.

A Doutrina Espírita teve retirada, em sua prática, seu aspecto científico que, com todo o respeito, ficou mais como fala de efeito (fala mesmo, não frase), pois é bonito para dar "status". Entretanto, arrancar o aspecto científico dela, é não deixar sobrar nada, ou melhor, o que sobra é uma filosofia sem comprovação, e uma fé cega. Você acredita por que está no livro, e não por que houve um processo e análise e filtragem daquela informação ou conhecimento.

A exemplo disso, dizemos, muito respeitosamente, o que fizeram com um dos meios mais eficazes de se verificar determinada informação, obtida por meio mediúnico ou não: evocar Espíritos elevados para ver o que eles pensam daquilo. Afinal, da realidade do mundo espírita (entenda-se "plano espiritual"), nada nem ninguém melhor do que os habitantes de lá, sobretudo os que se encontram na verdadeira vida espírita, e que já tem elevação o suficiente para poder apreciar o que é ou não é de um ponto de vista mais elevado (lembrando, a exemplo, que quanto menos materializado, maior a capacidade do Espírito, e sua visão "abarca o infinito", a depender de sua evolução ou progresso). Dizer que não se deve evocar por que em alguns (ainda que fossem vários) casos pessoas tiveram ou geraram consequências negativas, seja para encarnados ou desencarnados, é o mesmo que (repito, com todo o respeito) proibir todos de dirigirem por conta dos acidentes que acontecem com veículos automotores.

Enquanto não for retomada a Ciência Espírita, em seu todo o seu brilho, com seu método, com o comedimento de Allan Kardec (ainda que não se possa esperar tantas qualidades num só homem hoje em dia, que haja ao menos o esforço e tentativa do mesmo rigor), todas as obras (me perdoem André Luiz, Emmanuel, e todos os outros encarnados e desencarnados que trazem supostas notícias de fatos históricos ou descrevendo como é o lado da verdadeira vida - a espiritual -) não passam de opiniões, que lembrando o mestre lionês, "podem ser justas ou falsas" (perdoem-me se errei nas palavras). O radicalismo, pensei eu durante vários e vários dias, não é somente o não aceitar o que veio depois de Kardec (no caso do Espiritismo), mas também aceitar cegamente tudo o que veio, somente por causa de qualidades morais (que, não temos dúvida, são as mais importantes para qualquer pessoa, médium ou não, desencarnado ou encarnado) daquele que a traz ou que é seu intermediário.

Ademais, cada vez que um centro espírita se recusa a analisar o que está em suas mãos propagar, aceitar ou rejeitar, está cometendo um erro para com os preceitos doutrinários, pois o próprio Allan Kardec, no livro "Viagem Espírita em 1862", se referindo ao que ele chamou de "publicações excêntricas", diz que "Todos os espíritas que, de coração, vigiam para que a doutrina não seja comprometida, devem, pois, sem hesitação, denunciá-las, tanto mais porque, se algumas delas são produtos da boa fé, outras constituem trabalho dos próprios inimigos do Espiritismo, que visam desacreditá-lo e poder motivar acusações contra ele. Eis porque, repito, é necessário que saibamos distinguir aquilo que a doutrina espírita aceita daquilo que ela repudia."
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