terça-feira, 6 de setembro de 2016

Marcas no perispírito?


       Muitos já devem ter ouvido falar que o perispírito tem órgãos, e que problemas físicos que a pessoa traz ao nascer vêm de marcas que ficaram nele da última reencarnação. Será que é assim mesmo?






            Algo que muitas pessoas já devem ter ouvido falar é que o perispírito tem órgãos, e que quando um fumante desencarna, por exemplo, ele volta para o mundo espiritual com marca no perispírito, como num "pulmão fluídico" e que, por causa dessa marca, ele terá problemas respiratórios ao reencarnar. O mesmo se daria, na região da garganta, com alguém que bebesse veneno corrosivo, no fígado com quem era alcoólatra, e até, numa dúvida que ronda a cabeça de muitos adolescentes, com quem faz tatuagem.

            Para apresentar nosso ponto de vista, começamos com Kardec, no item 257, de O Livro dos Espíritos, que recebeu o nome de "Ensaio teórico da sensação nos Espíritos":

"Ao passarem de um mundo a outro, os Espíritos mudam de envoltório, como nós mudamos de roupa, quando passamos do inverno ao verão, ou do pólo ao equador. (...)Não possuindo órgãos sensitivos, eles podem, livremente, tornar ativas ou nulas suas percepções." (grifo nosso)

            Assim, logo nessa parte, já é destruída a ideia de que os desencarnados possuem órgãos funcionais (um estômago com função de digerir alimentos, por exemplo). Logo, não havendo essa parte no perispírito, obviamente não há que se falar em marcas no que não existe. E, também, se não há funções, o sofrimento causado, no mundo espiritual, não é físico, conforme explica o codificador, no mesmo item:

"A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo, que o próprio Espírito nem sempre compreende bem, precisamente porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores; é mais uma reminiscência do que uma realidade (...)" (grifo nosso)

            E mais a frente, ao falar de um Espírito que sentia os vermes a lhe roerem:

"Era antes a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão, que ele tomava por realidade." (grifo nosso)

            Alguns hão de argumentar: "mas se eles possuem órgãos, mesmo sem função, eles não poderiam ter marcas que repercutem no ser quando reencarna?". A isso, refutamos com a lógica: sabendo que o perispírito é elástico, e se amolda a qualquer formato, a primeira forma que ele toma, ao reencarnar, é a do espermatozóide ligado ao óvulo. Só ao longo dos meses de gestação é que, pouco a pouco, os órgãos foram se formando. Em tal situação, pergunta-se: o que ocorreu com a tal marca, durante o processo de criação do corpo, antes mesmo de se formarem os órgãos físicos?

            Além disso, damos outro exemplo: alguém que desencarnou sem uma perna. Nesse caso, o perispírito, naquela área, deixou de existir, e o Espírito retornaria à vida espírita faltando uma perna no corpo fluídico. Logo, sem essa parte, quando reencarnasse, ele, pela alteração do perispírito (ausência da perna), deveria não ter, outra vez, a perna, quando reencarnasse, o que faria ele desencarnar sem a perna no corpo espiritual, outra vez, e quando fosse reencarnar, novamente viria sem ela, pelo que foi falado. Assim, teríamos uma sequência infinita na qual a alteração no perispírito faria com que ele ficasse permanentemente sem uma parte do corpo (desencarna sem a parte, volta sem parte, e fica indo e voltando assim num ciclo que não teria fim).

            Aos que dizem que o perispírito continua quando uma parte do corpo é amputada, e o justificam pelo fato de muitos que passam por essa experiência continuarem sentindo a parte que não mais existe, trazemos a lucidez do codificador:

"Toda gente sabe que aqueles a quem se amputou um membro costumam sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está a sede, ou, sequer, o ponto de partida da dor. O que há, apenas, é que o cérebro guardou desta a impressão." (grifo nosso)

            Diante de todo o exposto, vê-se que a teoria das marcas no perispírito carece de fundamento racional, sendo contrária ao que ensina a Doutrina Espírita e que as explicações para muitos fatos precisam de outros argumentos.


E vocês, o que acham?

Deixem sua opinião ;)


Referência:


KARDEC, Allan.  O Livro dos Espíritos. Disponível: http://ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=949&&idioma=1. Acesso em 01/09/2016.



2 comentários:

  1. Eu nem acredito que já saí dessa paranóia de tentar,"mas nunca conseguindo", me atualizar nos meus estudos do Espiritismo!
    Cada dia que nascia, havia outro e outro e outro livro pra comprar, que tratava de coisas novas, de novos ensinos da Doutrina!
    Era é nada! Tudo invencionisses de Espíritos pseudossábios e médiuns iludidos por seus "supostos mentores"...
    Agora eu sei, que o Espiritismo, a real Doutrina dos Espíritos, está, e somente está...nas Obras de Allan Kardec!
    Só estudando Kardec a sério, pra gente notar as contradições entre ele e esses tantos livros ditos espíritas...
    Essa história de marcas no perispírito é só mais uma das mentiras desses "Espíritos mentores", desses médiuns que não seguem a orientação de Kardec, de não acreditar em tudo o que o Espírito diz, e passar tudo pelo crivo da razão e do bom senso, comparando com os ensinos dos Espíritos da Codificação, e de Kardec, que afinal, foi o codificador da Doutrina dos Espíritos!
    Espiritismo sem Kardec,é qualquer coisa, menos a Doutrina dos Espíritos!

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    1. Parabéns por se expor sem medo.

      Eu, particularmente, até recentemente, também pensei várias vezes: antes eu achava que teria que ler centenas e/ou milhares de livros para conhecer Doutrina Espírita. Então eu descobri que bastam 22.

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