sexta-feira, 3 de junho de 2016

Explicações simples: Possessão

            





           A possessão é uma forma de mediunidade, podendo constituir em obsessão quando a ação do Espírito que age não é bom, no sentido geral da palavra (e não no sentido da escala espírita), e sendo o que foi dito na primeira frase, quando ele o é.

            Entretanto, há quem possa objetar, alegando o seguinte trecho de O Livro dos Médiuns:

            "Dava-se outrora o nome de possessão ao império exercido por maus Espíritos, quando a influência deles ia até a aberração das faculdades da vítima. A possessão seria, para nós, sinônimo da subjugação. por dois motivos deixamos de adotar esse termo: primeiro, porque implica a crença de seres criados para o mal e perpetuamente votados ao mal, enquanto não há senão seres mais ou menos imperfeitos, os quais todos podem melhorar-se; segundo, porque implica igualmente a ideia do apoderamento de um corpo por um Espírito estranho, de uma espécie de coabitação, ao passo que o que há é apenas constrangimento. A palavra subjugação exprime perfeitamente a ideia. assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar do termo, há somente obsidiados, subjugados e fascinados."[1]


            Há, porém, de se considerar que o professor de Lyon reviu essa posição, conforme fica explícito passagem abaixo da Revista Espírita de dezembro de 1863:

"Dissemos que não havia possessos no sentido vulgar do vocábulo, mas subjugados. Mudamos de opinião sobre essa afirmativa absoluta, porque agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito encarnado por um Espírito errante."[2]

       E, em A Gênese, publicada em 1868, encontra-se um subtítulo inteiro tratando de obsessões e possessões, na qual fica claro não somente o fato de que tal fenômeno é aprovado pelo codificador, mas que ainda tem um outro viés, que é o fato de ela poder ser exercida por um Espírito benfazejo. Seguem explicações, extraídas do capítulo XIV da obra, a respeito da diferença entre uma e outra, e que também fundamentam o que foi dito nesse parágrafo:

            "Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade.
            Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção. (cap. XI, item 18.)
            De posse momentânea do corpo do encarnado, o espírito se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços, conforme o faria se estivesse vivo."[3]


            "Na obsessão há sempre um espírito malfeitor. Na possessão pode tratar-se de um espírito bom que queira falar e que, para causar maior impressão nos ouvintes, toma do corpo de um encarnado, que voluntariamente lho empresta, como emprestaria seu fato a outro encarnado. isso se verifica sem qualquer perturbação ou incômodo(...)"[4]

           Assim verificando-se os seguintes trechos, e lembrando que O Livro dos Médiuns foi publicado em 1861, e os outros em 1863 e 1868, deve-se levar em conta o contido nos escritos mais recentes, pois que se deram após novas observações e o que da investigação delas resultou.




[1] A. Kardec. O Livro dos Médiuns, Editora FEB, 81ª Edição, Brasília (2013).
[2] A. Kardec. Revista Espírita, dezembro de 1863. Disponível em http://www.ipeak.com.br. Acesso em 03/06/2016.
[3] A. Kardec. A Gênese, Editora FEB, 53ª Edição, Brasília (2013).
[4] A. Kardec. A Gênese, Editora FEB, 53ª Edição, Brasília (2013).

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