quarta-feira, 29 de junho de 2016

Mundos destinados aos Espíritos errantes


     Mundos primitivos; de provas e expiações; regeneradores; ditosos; celestes ou divinos. Estas as 5 categorias de mundos apresentadas no capítulo III de O Evangelho Segundo o Espiritismo [1].

     Entretanto, há ainda, pelo menos, uma outra espécie de mundo, que são os mundos destinados ao descanso dos Espíritos errantes.

     Para entender isso, faz-se necessário dar uma explicação, ainda que resumida, sobre o que são os errantes e o que é erraticidade.


     De acordo com a questão 224 e seus desdobramentos, de O Livro dos Espíritos[2], Espíritos errantes são aqueles que estão desencarnados, mas que ainda tem a necessidade de reencarnar, ou seja, ainda não atingiram a perfeição relativa. Note-se que, mesmo tendo eles ainda a necessidade de passar por corpos, não significa que todos sejam de ordem inferior, pois a questão 225 da mesma obra esclarece que há Espíritos errantes de todos os graus e, sendo assim, também são errantes os superiores.

    Continuando, na 226 [2] é dito que os Espíritos puros (ver Escala Espírita, questão 100 e seguintes, para melhores explicações) não são errantes, justamente por não terem mais a necessidade de reencarnar, encontrando-se "no seu estado definitivo", conforme a resposta dada. Assim, pode-se concluir que todo desencarnado que ainda precisa (é diferente de fazê-lo por escolha, para missão, como Jesus) reencarnar é errante, ou encontra-se no estado de erraticidade, e que esta não é um lugar circunscrito, mas um estado, consoante a lógica apresentada pela doutrina. Na questão 225, por exemplo, se ela fosse um lugar, a pergunta carecia de sentido, ao meu entender.



     Posto isso, vamos aos mundos transitórios, que servem de descanso para aqueles que ainda precisam reencarnar, mas estão há longo tempo no estado de erraticidade (pleonasmo proposital).

    Ilustrando, inicialmente, traz-se uma explicação dada por Mozart, na Revista Espírita de maio 1859 [3], ao ser questionado, sobre uma resposta de Chopin, que não foi entendida:


"─ Compreendo o vosso espanto. Entretanto, já vos dissemos que há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que eles podem habitar temporariamente, espécies de bivaques, de campos de repouso para esses Espíritos fatigados por uma longa erraticidade, estado que é sempre um pouco penoso."

     De acordo com o exposto acima, ficar errante por longos períodos pode causar um cansaço, que não deve ser entendido como o cansaço material, posto que os Espíritos não tem órgãos para sentí-lo, mas sim, provavelmente, como um cansaço moral (quem discordar ou puder explicar melhor, fique à vontade, é tribuna livre).

     Então, para tais desencarnados, existem mundos que lhes servem de repouso, onde podem descansar um pouco, como elucida a resposta dada pelo músico, e também a presente na questão 234 de O Livro dos Espíritos[4]:

"234. Há, de fato, como já foi dito, mundos que servem de estações e de pontos de repouso aos Espíritos errantes?
“Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde descansem de uma demasiado longa erraticidade, estado este sempre um tanto penoso. São, entre os outros mundos, posições intermédias, graduadas de acordo com a natureza dos Espíritos que a elas podem ter acesso e onde eles gozam de maior ou menor bem-estar.”"

     Abrindo um pequeno pequeno parêntesis, na vigésima pergunta do diálogo na Revista, Chopin fala, ao ser perguntando se era, de fato, errante, que "─ Sim. Isto é, não pertenço a nenhum planeta exclusivamente.". O que ele quis dizer com isso? Quem quiser, pode tentar responder, será muito bem vindo, pois que eu não consegui chegar a uma conclusão a respeito.

     Fechando o parêntesis e retornando à pergunta 234 acima citada, em sua letra "a", é dito que os que habitam esses mundos podem deixá-los livremente, não estão obrigados a ali permanecer, e nas questões seguintes é esclarecido que tais planetas não terão essa finalidade eternamente, bem como que eles não tem condições de serem habitados por seres corpóreos, devido às suas condições físicas.

     Por fim, aprende-se que a Terra foi, em sua formação, um desses mundos, demonstrando a beleza da criação que nada deixa como inútil, e dando solução para uma multiplicidade de questões, como, por exemplo, a habitabilidade de vários planetas por parte de seres que não tem necessidades materiais, e não podem ser captados pelos sentidos comuns.


Abaixo, um quadro-resumo:






Qualquer dúvida ou comentário, fiquem à vontade.


Referências:
[1] A. Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Editora FEB, 131ª Edição, Brasília (2013).
[2] A. Kardec. O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 93ª Edição, Brasília (2013).
[3]
 A. Kardec. Revista Espírita, maio de 1859. Disponível em http://www.ipeak.com.br. Acesso em 29/06/2016.
[4] A. Kardec. O Livro dos Espíritos. Disponível em http://www.ipeak.com.br. Acesso em 29/06/2016.

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